O Governo da Presidenta Dilma
Rousseff e o Partido dos Trabalhadores enfrentam seus momentos mais difíceis
desde janeiro de 2011. A grande dificuldade do Governo Federal não vem das
manifestações desencadeadas nas ruas durante o mês de junho. Nas ruas, a parte
os excessos de grupos violentos infiltrados, ressurgiram uma parte das
bandeiras das esquerdas e suas lutas históricas por transporte público, saúde e
educação de qualidade, segurança pública e combate à corrupção.
Lugar comum: a crise é uma
oportunidade. A questão é saber que rumo tomar na crise e em suas
encruzilhadas.
Primeira encruzilhada –
Os manifestantes do mês de junho, nas ruas, exigiram mais e melhores serviços
públicos de transporte, saúde, educação, segurança. Mas a grande mídia, em
conluio com os partidos da oposição, pautou arrocho fiscal e cortes nos gastos
governamentais, em suma, menos Estado. A população quer mais da República e dos
governos e não Estado-mínimo e mais mercado como pregam os neoliberais.
Os recentes aumentos na taxa de
juros da economia como medida do Banco Central para o combate à inflação
aumentam os gastos governamentais com a dívida pública e reduzem a capacidade
de investimento em políticas públicas reclamadas pela população.
Segunda encruzilhada –
As respostas da Presidenta Dilma aos reclamos de grande parte da população
enfrentam feroz oposição no Congresso Nacional, onde em tese a aliança
governista teria ampla maioria. Mas a coalizão de partidos para vencer as
eleições em 2010 e para dar apoio aos projetos do Governo
Dilma não foi feita em bases programáticas.
O PMDB, que tem Michel Temer como
vice-presidente, se propõe a servir a qualquer governo, desde Collor, Itamar
Franco, FHC e Lula. Aliados como o PMDB mais chantageiam e barganham cargos do
que apoiam. Com um aliado como o PMDB, quem precisa de outros inimigos?
Terceira Encruzilhada –
O Governo Dilma e o PT enfrentam o desafio de disputar a narrativa sobre o
Brasil da última década, porque a grande mídia e a oposição tentam apagar as
grandes conquistas econômicas e sociais que incluíram dezenas de milhões de
brasileiros em patamares mais elevados de cidadania e deram outra cara ao país.
O fato é que as mudanças para melhor na economia e nas política sociais não
foram acompanhadas de mudanças políticas e mobilização e essa despolitização
agora cobra seu preço.
Para complicar a situação, as
dificuldades do Governo Dilma em dialogar com os movimentos sociais criaram uma
distância com as forças sociais e populares que poderiam dar apoio aberto e
desinibido aos projetos do governo.
Quarta encruzilhada –
O ciclo de desenvolvimento nacional liderado por Lula e José de Alencar e que
Dilma Roussef dá continuidade fez muito além do imaginado e cumpriu bem as
tarefas urgentes e represadas no país: pleno emprego, relativa distribuição de
renda, recuperação do papel do Estado e enfrentamento ao neoliberalismo,
combate a fome, retomada das obras estruturantes, protagonismo do Brasil no cenário
internacional, conquistas sociais. Até aqui todo mundo ganhou, inclusive os
banqueiros e os credores da dívida interna.
Mas esse modelo, pactuado fazendo
largas concessões a alguns setores da elite nacional chegou ao limite e bateu
no teto. As grandes reformas não foram tocadas: Reforma Política. Reforma
Urbana. Reforma Fiscal e Tributária. Democratização da mídia. Reforma do Poder
Judiciário. Mudança no paradigma da segurança pública.
Já está na hora de um novo ciclo
de desenvolvimento para o Brasil avançar em outros níveis. Isto exige não
apenas vencer as eleições gerais de 2014 e evitar os retrocessos que a grande
mídia e os partidos conservadores pretendem. Exige um novo pacto político, mais
à esquerda e mais próximo dos movimentos sociais, o que passa necessariamente
por mudanças na práxis e nas direções do próprio Partido dos Trabalhadores.
Zizo
Zizo Mamede: O Governo Federal e o PT – Crises e encruzilhadas
Reviewed by Francisco Júnior
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13:00
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