Se nacionalmente a disputa entre a presidente Dilma Rousseff
(PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) foi acirradíssima, no Nordeste a petista
teve ampla vantagem. Na região, a presidente teve 20,1 milhões de votos, o
equivalente a 71,5% do total de eleitores que foram às urnas neste domingo
(26). O candidato tucano amealhou 8 milhões de votos, cerca de 28,5% da
preferência do eleitorado. O peso da região fica claro quando se lembra que a
presidente foi reeleita com uma diferença de 3,4 milhões de votos em relação ao
oponente.
No segundo turno, Dilma venceu nos nove estados nordestinos.
Em todo o Brasil, o estado onde a petista teve a maior vitória foi o Maranhão,
onde teve 78,76%. Lá, Dilma teve 2,4 milhões de votos. Aécio, 667 mil
eleitores.
Se o Nordeste já havia tido destaque no início da eleição em
função da candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que
faleceu em trágico acidente no dia 13 de agosto, a região ficou no centro da
disputa política deste segundo turno. Dada a maior penetração do PT na região,
o Nordeste passou a ser estratégico para compensar a liderança do PSDB no
Sudeste, região que concentra os maiores colégios eleitorais do País.
No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff abriu uma
vantagem de 12,2 milhões de votos na região. Em todo o País, ela teve apenas
8,3 milhões de votos a mais que Aécio Neves; ressaltando a importância dos
nordestinos para o resultado da disputa eleitoral.
No dia 5, Dilma já havia vencido em oito dos nove estados nordestinos;
perdeu apenas em Pernambuco, onde a comoção causada pela morte de Campos
favoreceu a ex-senadora Marina Silva (PSB). No Estado, Marina teve 48,05% dos
votos; Dilma ficou com 44,22% e Aécio amargou 5,92%.
A votação de Pernambuco foi a pior de Aécio em todo o País.
Além de Pernambuco, o tucano ficou em terceiro lugar em quatro estados:
Alagoas, Bahia, Maranhão e Piauí. Neste último, Dilma teve sua melhor vitória
dentre todos os Estados do Brasil, atingindo 70,61% dos votos.
O apoio a Dilma no Nordeste é inflado pelos avanços que a
região conquistou durante a gestão do PT no Palácio do Planalto. Entre 2001 e
2012, mais de 20 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza, segundo dados
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Boa parte desse fenômeno se deve ao AUMENTO DA RENDA dos
nordestinos. Entre 2002, último ano da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB),
e 2013, o número de pessoas com emprego formal na região saltou de 4,8 para 8,9
milhões. Outras 7 milhões de pessoas são beneficiadas pelo Bolsa Família,
principal programa de transferência de renda do governo federal.
O clima de acirramento político na região aumentou depois que
várias mensagens preconceituosas contra o voto dos nordestinos passou a ser
compartilhada nas redes sociais devido à liderança petista na localidade. O
PSDB passou a contra-argumentar dizendo que os perfis seriam falsos, criados
para contaminar a campanha eleitoral.
Aécio Neves ainda virou alvo depois que Fernando Henrique deu
uma declaração que passou a ser usada pelo PT como uma crítica tucana ao
Nordeste. “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os
mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”,
disse o ex-presidente em uma entrevista.
Para compensar a desvantagem no Nordeste, Aécio lançou um
programa de propostas prioritárias, voltadas especificamente para a região,
chamado de “Nordeste Forte”. No programa, estavam a conclusão de obras estruturadoras
como a Transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina e a elevação da
renda per capita mínima de US$ 1,25 por dia na região ao final do mandato.
PALANQUES – A falta de palanques fortes no Nordeste também
prejudicou a campanha de Aécio Neves. Dentre os atuais governadores, apenas
três o apoiaram no segundo turno: João Lyra Neto (PSB-PE), Zé Filho (PMDB-PI) e
Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL). Dentre os eleitos, o único aliado era o
pernambucano Paulo Câmara (PSB).
Aécio perdeu força em estados estratégicos. Em Alagoas, o
único governado por um tucano na região, o candidato do governador Teo Vilela,
Julio Cezar (PSDB), teve menos de 8% dos votos. Na Bahia, quarto colégio
eleitoral do País, o aliado Paulo Souto (DEM) chegou a liderar as pesquisas,
mas foi derrotado no primeiro turno por Rui Costa (PT).
No Ceará, outro estado importante, o PSDB apoiou o senador
Eunício Oliveira (PMDB) que, apesar de ter conseguido eleger Tasso Jereissati
senador, evitou aderir à campanha de Aécio. Em Pernambuco, o apoio de Paulo
Câmara e do grupo político de Eduardo Campos só veio no segundo turno, após a
derrota de Marina Silva.
Nordeste na disputa: Dilma vence em todos os estados e leva 71,5% dos votos
Reviewed by Francisco Júnior
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04:08
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