
A Ordem dos Advogados do Brasil,
Seccional Paraíba (OAB-PB), emitiu nota de repúdio, hoje, contra o juiz de
Direito Josivaldo Félix de Oliveira, membro da Comissão de Sustentabilidade do
Tribunal de Justiça da Paraíba. A crise entre o magistrado e a entidade começou
no mundo real e se estendeu pelo virtual por causa de uma discussão a respeito
da mudança do expediente forense. A audiência pública aconteceu no auditório
“Desembargador Francisco Flóscolo da Nóbrega”, no Fórum Cível da Capital. A
proposta apresentada é de um horário único das 7h às 14h, em todo o Estado.
Esse expediente já é cumprido pela maioria das comarcas, à exceção das de
terceira entrância, que passariam a adotá-lo.
Josivaldo relatou, em seu perfil
no Facebook, que o presidente da OAB-PB, Odon Bezerra, teria chamado os juízes
de preguiçosos: "Odon insinuou que nós juízes éramos preguiçosos pois
nunca se encontra um no fórum as 7 da manhã. Então respondi à altura e disse na
tribuna que nós somos trabalhadores e que todos estávamos sempre no fórum,
diferente dos advogados que nunca lá se encontram a essa hora ou as 17
horas".
Ao ser questionado por seguidores
sobre as presenças registradas na discussão, o magistrado lamentou a ausência
do presidente da Associação dos Magistrados da Paraíba, Horácio Melo e o fato
de outro representante não ter participado do evento. Depois, alfinetou mais
fortemente dois membros da advocacia: "Exceto os conselheiros da OAB, o
babão representante do procurador geral do Estado, e o Babão representante do
Municipal, todos os servidores e o público presente apoiam incondicionalmente a
mudança do horário".
Horácio Melo, citado na postagem,
explicou que não foi à discussão por problema de saúde e afirmou que a
representante que havia designado também ficou impossibilitada de comparecer
por causa de uma audiência.
Generalização - Com a existência
de um comentário advertindo o juiz a respeito da generalização feita por ele em
relação aos advogados, Josivaldo respondeu: "Concordo que não se deve
generalizar, porém você deve dizer isso ao Dr. Odon, que disse no púlpito que
nunca se ia encontrar juiz no fórum às 7 da manhã. Em outras palavras, chamou
todos os magistrados de preguiçosos ou não foi. Já um outro advogado falou que
nos juízes éramos míopes, ou seja nos taxou de cegos. Um outro advogado no
púlpito foi ler uma decisão do Ministro Luiz Fux, dando interpretação à
colocação de uma vírgula, querendo com isso dizer que sabíamos ler. Paciência,
amiga. É muita agressão à categoria para ficar calado".
Por causa da troca de farpas, a
OAB emitiu a seguinte nota de repúdio:
A Ordem dos Advogados do Brasil,
Seção da Paraíba, por meio de sua Diretoria, vem a público manifestar o seu
repúdio às lamentáveis declarações do Juiz de Direito Josivaldo Félix de
Oliveira, membro da Comissão de Sustentabilidade do Tribunal de Justiça da
Paraíba, que, nas redes sociais, numa absoluta falta de decoro e respeito,
agrediu a advocacia, ao externar manifestações de intolerância acerca da
audiência pública realizada para discutir a proposta de alteração do expediente
forense.
As boas relações institucionais
entre a magistratura e a advocacia não admitem manifestações ofensivas de
nenhuma das partes, muito menos um debate corporativista, vez que tema tão
relevante interessa principalmente aos jurisdicionados, que, de forma legítima,
clamam por uma ampliação qualitativa e quantitativa dos serviços judiciários.
O comportamento inaceitável do
Juiz Josivaldo Félix de Oliveira afronta a diretriz constitucional que proclama
a essencialidade dos advogados à administração da Justiça (CF, art. 133), e,
ainda, fereos deveres de tratamento urbano e de conduta irrepreensível que
devem nortear as ações dos magistrados na vida pública e particular (LOMAN,
art. 35, incisos IV e VIII).
A OAB refuta qualquer postura que
desqualifique e desvirtue o debate e que não contribua com o aprimoramento do
Judiciário, ao tempo em que informará ao TJPB que não reconhece no referido
magistrado um interlocutor ético e aberto à diversidade de pensamento e ideias,
qualidades mínimas que um representante da magistratura deve ter, sobretudo
quando aborda o tema da administração da Justiça.
A OAB dará conhecimento dos fatos
à Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba e ao Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) para as providências que se fizerem cabíveis.
Por fim, reafirma que não se
intimidará em defender a manutenção do expediente forense em vigor, por
entender que é o mais eficiente aos interesses da sociedade.
Discussão sobre expediente forense gera crise entre juiz e advogados
Reviewed by Francisco Júnior
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08:53
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