Aos olhos do povo a corrupção é o mal maior do Brasil e não é
para menos. As notícias do que diz respeito ao Estado invariavelmente dão conta
dos recorrentes desvios, dos descasos, dos saques aos cofres públicos, ou no
mínimo da incompetência e dos desperdícios na gestão da res publica.
As estimativas mais otimistas apontam que a corrupção
política, em todas as esferas do poder público, se apropria de no mínimo 2%
(dois por cento) do Produto Interno Bruto, em valores de 2013, algo como 100
bilhões de reais por ano.
Mas há quem calcule essa cifra em 5% (cinco por cento) do
PIB, ou seja, 250 bilhões de reais. Os valores entre os intervalos deste rombo
dariam para financiar no mínimo duas vezes ou até cinco vezes todas as obras
direta e indiretamente relacionadas com a Copa de 2014.
O debate sobre a corrupção – A corrupção é tratada pelas
empresas da mídia como um mal inevitável da política e do Estado. Assim sendo,
este mal crônico só teria uma solução: acabar com a política e com o Estado.
Noutras palavras, entregar tudo às forças do mercado e da iniciativa privada. –
Como se a corrupção política não fosse praticada para atender a interesses
privados de pessoas e de empresas.
O debate sobre a corrupção no Brasil, no que depender da
grande mídia e de seus asseclas – que na ponta da rede apenas repetem como
bonecos de ventríloquos o que é definido nas grandes redações – nunca
aprofundará as investigações, as opiniões e reflexões sobre a corrupção
política que privatiza os recursos públicos do Estado.
Corrupção e “corrupção” – Mas a abordagem midiática da
corrupção política tem também outros objetivos de grande interesse para a elite
econômica nacional: esconder a corrupção dos sonegadores que sangram os cofres
públicos; escamotear a corrosão do orçamento público com os gastos da dívida
pública interna.
A corrupção dos sonegadores brasileiros causou aos cofres
públicos um prejuízo de mais de 415 bilhões de reais no ano de 2013. Esses
corruptos, que têm mil mecanismos para burlar o Fisco, se apropriam do dinheiro
dos consumidores e dos trabalhadores e conseguem “lavar” o produto do crime
antes de incorporá-lo ao patrimônio privado.
No ano de 2013 o Brasil perdeu para os sonegadores um valor
que é 20 vezes maior do que aquilo que o Governo Federal investiu no Programa
Bolsa Família para beneficiar 14 milhões de famílias pobres.
Da corrupção dos sonegadores e da necessária reforma
tributária para reestruturar os tributos que atualmente penalizam o mundo do
trabalho e do consumo e são benevolentes com a propriedade e a renda, disso a
mídia não fala. – Seus ventríloquos também não.
Como não fala da “corrosão” dos recursos públicos para pagar
os juros e os serviços da dívida pública interna: Em 2013 foram gastos mais de
900 bilhões de reais, um valor correspondente a 42 % (quarenta e dois por
cento) do Orçamento da União. O Estado brasileiro há muito tempo foi capturado
pelos rentistas.
A mídia não entra seriamente nestes debates da composição do
orçamento público. Pelo contrário, a mídia faz coro com as agências
internacionais e com a elite financeira para criar pessimismos e suspeitas
acerca da economia brasileira. Para fragilizar a economia brasileira.
E para fazer face ao pessimismo, para apaziguar as agências
de risco, a mídia, por seus “especialistas” faz pressão para forçar a subir da
taxa de juros da economia, dos juros que recaem sobre a dívida pública interna
e que remuneram a elite que se deleita com a agiotagem oficial.
No mundo da política não são poucos os corruptos eleitos,
perfeitos representantes dos interesses dos sonegadores e dos agiotas das
finanças públicas. Como não são poucos na mídia os que falam renitentemente
para as maiorias o que interessa às minorias do exclusivo clube dos sonegadores
e rentistas (agiotas) que sangram o povo brasileiro.
COM ZIZO MAMEDE: A corrupção política e a corrupção do debate
Reviewed by Francisco Júnior
on
12:15
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