Impedidos de disputar as eleições no próximo ano, políticos
enquadrados na Lei da Ficha Limpa têm um plano B: muitos deles tentarão eleger
parentes e afilhados ao Legislativo em 2014.
Até quem diz que estará na disputa --todos ainda poderão
brigar na Justiça para participar do pleito-- já prepara algum herdeiro para o
caso de ter a candidatura barrada. Em geral, os sucessores são jovens e
disputarão a primeira eleição. Formado em direito, Pedro Cunha Lima, 25, filho
do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), tentará vaga na Câmara dos Deputados.
"Sempre cultivei o sonho de me tornar professor, mas
percebi que posso contribuir com a Paraíba", disse Pedro. Cássio Cunha
Lima foi cassado quando era governador da Paraíba e está inelegível até o
próximo ano. Eleito senador em 2010, só foi empossado no ano seguinte após o
Supremo Tribunal Federal definir que a Lei da Ficha Limpa não teve validade
para aquela eleição.
A regra que torna os políticos "fichas-sujas"
inelegíveis começou a valer nas eleições municipais de 2012 e será aplicada
pela primeira vez em 2014 nas disputas para presidente, governadores, deputados
e senadores.
Pela lei, não podem se candidatar políticos condenados em
decisão final, quando não cabem recursos, ou colegiada -mais de um juiz. Também
fica impedido quem teve contas rejeitadas, mandato cassado ou renunciou para
escapar de cassação.
A legislação não impede que parentes de
"fichas-sujas" participem das eleições. Em 2012, alguns desses
políticos que elegeram afilhados acabaram integrando as gestões ou mesmo
exercendo os mandatos na prática.
"Seria um grande avanço se essas pessoas [com ficha
suja] fossem proibidas de participar da administração", diz o juiz Márlon
Reis, um dos autores da Lei da Ficha Limpa.
Em Rondônia, parentes do deputado Natan Donadon (ex-PMDB) e
do senador Ivo Cassol (PP) preparam-se para seguir os padrinhos, que tiveram
mandato preservado mesmo após condenados pelo STF, mas estão inelegíveis.
Preso há cinco meses, Donadon espera eleger o sobrinho
Junior, 36, deputado federal. Donadon foi condenado a mais de 13 anos de prisão
por desvio de recursos do Legislativo estadual.
Cassol, condenado a mais de quatro anos em regime semiaberto
por fraude em licitações, quer ver a filha Karine, 23, na Assembleia de RO.
GERAÇÕES
Condenado no julgamento do mensalão, o ex-deputado Pedro
Corrêa (PP-PE) prepara a volta do filho Fábio Corrêa Neto, 41. Advogado
afastado da vida pública desde 2000, quando foi deputado estadual, Fábio poderá
disputar para deputado federal.
Também trabalham para eleger sucessores o deputado federal
João Pizzolatti (PP-SC) e o estadual José Riva (PSD-MT), ambos condenados por
improbidade administrativa, e o ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO), cassado
por compra de votos, mas com esperança de reverter a decisão.
"É lógico que sou candidato, não há nada que possa
impedir. Mas estou preparando meu filho para o Congresso, caso haja impedimento
para a gente", disse Expedito.
Colaboraram FRANCISCO COSTA, de Porto Velho, WILLIAM DE
LUCCA, de João Pessoa, e RODRIGO VARGAS, de Cuiabá.
Agora PB com Folha
FORA DA DISPUTA: CÁSSIO CUNHA LIMA ESTÁ INELEGÍVEL PARA AS ELEIÇÕES DE 2014
Reviewed by Francisco Júnior
on
11:43
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