Para ser um bom juiz Joaquim Barbosa não precisa ser arrogante

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Poucos ministros, ou talvez nenhum, foram tão aplaudidos pela população e pela opinião pública como Joaquim Barbosa. Ele diz e age como muitos brasileiros gostariam se estivessem no cargo que ocupa. Diz as ‘verdades’ que o povo tem vontade de expressar. Além disso, Joaquim Barbosa é visto como uma pessoa desse povo, pois saiu de baixo e cresceu na vida, graças à determinação de estudar e enfrentar as adversidades, culminando com sua chegada à mais alta corte de justiça do país.

A firmeza e o rigor com que conduziu o julgamento do mensalão fez o ministro uma figura ainda mais ovacionada pelos brasileiros. Ele buscou punição máxima para figurões que, na opinião de muitos, jamais seriam condenados pelo STF.

As qualidades do ministro não o autorizam, porém, a proceder com arrogância, algo que tem feito vez por outra. Uma coisa é dizer a verdade, cumprir a lei, fazer justiça, outra é ser deselegante e até autoritário. Joaquim Barbosa até tem esse direito, mas não o ministro Joaquim Barbosa, sobretudo, agora na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça.

Assim se deu quando abordado pelo repórter de O Estado de São Paulo, recomendando ao profissional que fosse chafurdar no lixo. Na mesma linha, há duas semanas, em reunião com dirigentes das associações nacionais de magistrados, mandou um deles se calar e só falar quanto autorizado, pois estava na presidência do Supremo. No mesmo evento, o ministro se referiu a um dos presentes como ‘esse senhor’. Após o interlocutor lembrar como se chamava, ouviu de Joaquim Barbosa: ‘Não tenho obrigação de saber seu nome’. E tudo isso aconteceu depois de o ministro acusar os presentes de terem agido sorrateiramente para a aprovação, pelo Congresso Nacional, da criação de novos tribunais federais, medida a que o presidente do STF e do CNJ se opõe.

Joaquim Barbosa é sério e se inquieta com as velhas práticas diante dos seus olhos, mas há de entender que a superação delas não se faz sozinho ou por decreto, ou até na base da imposição. As novas páginas da história, como a própria ascensão dele, são escritas por muitas mãos e através do convencimento, seja este através de palavras ou de gestos e posturas.

Não será o ministro quem resolverá os grandes gargalos do Brasil, pois o país não se resume a ele, mas poderá dar uma valiosa contribuição. Só não pode ser repetindo atitudes arrogantes e autoritárias da velha elite, acostumada a empurrar suas vontades goela abaixo.

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