"A manifestação dos estudantes foi uma declaração de amor", diz a professora Itamara da Silveira



Segundo Paulo Freire, a desumanização não é apenas uma questão ontológica, mas uma realidade histórica. É a partir desta constatação que se deve perguntar sobre a outra face, a humanização. 


Ambas as faces inscrevem o ser humano em uma incessante busca, visto que por serem conscientes de sua inconclusão querem encontrar a resposta entre estas duas possíveis faces. Uma escolha bastante tendenciosa levando-se em conta que por causa da injustiça, da exploração, da opressão e da violência dos opressores a vocação de ser humano é negada. Porém esta, também é afirmada no anseio de liberdade, de justiça, de luta pela recuperação de sua humanidade roubada.


A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação como pessoas, só é possível por acreditar que a desumanização não é um destino dado, mas, resultado de uma ordem injusta que gera a violência dos opressores.


Estas sabias palavras de Paulo Freire foram ditas em 1968 e hoje, 44 anos depois, ainda são atuais! Quando o autor escreve “Pedagogia do oprimido” e trata da necessidade da humanização e da desalienação, ele se refere ao educando ao como ensinar os marginalizados e esquecidos pela sociedade. 


Atualmente, me parece, sem exagero algum, que a situação está pior! Porque não somente os alunos, mas também os educadores e enfim todo um sistema educacional tem que lutar contra a exploração e a opressão. Nós os educadores por mais que tentemos nos qualificar e melhorar como pessoas para cumprir os objetivos de uma educação libertadora, temos que lutar contra essa “coisificação”, para impedir que sejamos tratados como objetos, peças em um tabuleiro de xadrez!


O que foi realizado em São João do Cariri nesta ultima segunda-feira chocou, não por ser uma bagunça sem causa, muito pelo contrário, chocou por mostrar que a educação feita nesta cidade tem uma nova cara, reflexiva, crítica! Mostrou que o medo está ficando no passado, mostrou que apesar da histórica opressão os alunos têm consciência de que os saberes e opiniões lhe são próprios e que podem ser declarados o que faz parte do exercício da cidadania. 


Mais que isso o que foi mostrado pelos alunos e por mim, assim como pela professora Stela foi uma declaração de amor! Amor sim! Amor pela profissão mesmo que tão desvalorizada e amor por Nivaldo e Zélia que foram os responsáveis por há mais de 20 anos transformarem o jeito com que se faz educação naquela escola, fazendo uma educação de qualidade. Sem citar nomes, sem ferir ninguém afinal não existem nomes a culpar e sim todo um sistema e um país, fizemos uma manifestação não contra nada, mas a favor! A favor de uma educação melhor para o nosso município. 

Ninguém liberta ninguém,
ninguém se liberta sozinho:
Os homens se libertam em comunhão.
( Paulo Freire)

Itamara da Silveira Gouveia
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