Personagens que convivem com a
seca sofrem sob o sol escaldante no Sertão paraibano. Em algumas regiões, a
estiagem já dura nove meses, já que as chuvas fracas não contribuem em quase
nada para garantir a terra molhada, a comida do gado e da população. Mesmo
carentes de água e alimento, a falta de perspectiva não leva os sertanejos a
desistir da luta pelo trabalho no campo.
Na Paraíba, 195 municípios já tiveram a situação de emergência homologada pelo
Governo do Estado, que anunciou medidas de combate à seca, dentro do Plano
Estadual Gestão de Riscos e Respostas à Estiagem. As estimativas são de que
cerca de 2 milhões de paraibanos sofrem com os efeitos da seca, sendo mais de
650 mil residentes na zona rural. O Governo Federal também já liberou recursos.
O cenário proporcionado pela escassez de água é similar em várias áreas da
Paraíba, desde o Seridó até o Alto Sertão do Estado.
As plantações de milho e feijão foram, em alguns casos, totalmente perdidas.
Inúmeros poços artesianos ajudam a abastecer as comunidades com galões de água
vendidos por até R$ 0,50.
Com o olhar sofrido por mais de 34 anos convivendo com períodos de seca,
vizinho a um açude onde não se enxerga qualquer vestígio de água, Francisco
Galdino, 63 anos, se entrega às orações e olha um pouco para o céu tentando de
buscar consolo. Todos os três filhos ajudam na manutenção da casa, trabalhando
com criação de gado em terras de outros donos.
A família tenta sobreviver, atualmente, através da extração do caulim, assim como
fazem tantas outras na zona rural do Junco do Seridó.
A última vez que o 'Açude do Estado' sangrou, o agricultor do sítio Aldeia Nova
observava uma verdadeira romaria, com pessoas diariamente indo buscar água
naquelas terras. Era o ano de 2005 e, desde então, a seca só vem aumentando e
se prolongando.
A última vez que o manancial teve algum resquício de água, que ajudasse a
abastecer a população, foi há mais de nove meses.
“O açude já está seco assim há seis meses. Tinha até peixe, vinha gente direto
buscar água, todo dia. Agora a gente vive do caulim, o gado está morrendo com
fome e nas próximas semanas já não tenho mais o que dar para comer, até o capim
seco está acabando”, explica Francisco Galdino. Seu filho Luciano Galdino, 24,
ainda lembra que até a lama do açude já foi retirada.
“Vieram aqui com máquinas e tiraram o barro para vender. Agora só restou a
terra ressecada”, disse.
Em Pombal, ainda no Sertão, o que deveria ser época de colheita do feijão e
milho se transformou em aflição. Nem mesmo a palma forrageira, conhecida planta
cáctea que se desenvolve na mais rigorosa das secas, está sobrevivendo. Segundo
os agricultores, a planta está 'dobrando' e quase não tem nutrientes que sirvam
como ração para o gado.
“Plantei milho e feijão no começo do ano, mas nem chegou a nascer. A situação é
triste, chega a dar medo”, contou o agricultor Severino Castro, 42 anos,
morador do sítio Barro.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil estadual, coronel José Walber
Rufino Tavares, uma comissão de órgãos do Estado está fazendo um levantamento
para calcular os prejuízos da estiagem. "Nós temos acompanhado as cidades
em situações mais críticas e encaminhado os pleitos aos órgãos competentes.
Isso é nosso papel", explicou Rufino.
Vitrine do Cariri
Efeitos da seca na Paraíba
Reviewed by Francisco Júnior
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00:42
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