Um padre da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em
Huelma, no sul da Espanha, impediu a celebração de um batizado quando
descobriu que o padrinho era gay. A família levará o caso aos tribunais.
O escolhido para padrinho de uma menina de seis meses é um
homossexual que está casado no civil com outro homem, algo permitido
pela lei espanhola.
É também ex-catequista, trabalhador da Cáritas (seção de
ajuda humanitária da igreja católica), membro de confrarias e se diz
católico praticante.
Em declaração à imprensa espanhola, a mãe da criança,
Dolores Muñoz, disse que a família e os padrinhos cumpriam todas as
normas requeridas pelo sacerdote quando levaram a documentação.
"Perguntaram se pais e padrinhos estavam batizados e
confirmados. Depois se todos estávamos casados e respondemos que sim.
Nunca pensamos que teríamos que avisar que ele era casado, mas com um
homem. As normas, ele cumpria", explicou ela.
Mas para o padre, Manuel García, a revelação da
homossexualidade do padrinho foi motivo para impedir o batismo. No
último sábado ele disse à família só batizaria o bebê se escolhessem
outro padrinho.
"Vida congruente"
Os pais da menina enviaram uma carta ao arcebispo da província de Jaén e nesta quinta-feira denunciaram publicamente, com uma associação de homossexuais, o caso que definem como discriminatório.
Os pais da menina enviaram uma carta ao arcebispo da província de Jaén e nesta quinta-feira denunciaram publicamente, com uma associação de homossexuais, o caso que definem como discriminatório.
A polêmica provocou uma resposta pública do arcebispado, que
enviou um comunicado apoiando o padre e advertindo que um padrinho
católico precisa ter uma vida "congruente".
A nota cita o Código de Direito Canônico, cânon 874, que
descreve os requisitos para os padrinhos de batismo: "deve ser
católico, estar confirmado, ter recebido o santíssimo sacramento da
Eucaristia e levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai
assumir".
Sem usar as expressões gay ou homossexual, a nota do clero diz ainda que não se trata de um caso de discriminação.
"Esclarecemos este tema para evitar os juízos sobre uma
suposta discriminação na atuação do sacerdote, que apenas reitera a
necessidade de cumprir a normativa eclesiástica universal."
Para a Associação Colega – Coletivo de Gays, Lésbicas e Transexuais – a decisão da igreja é "uma homofobia sacerdotal".
O grupo, que apoiará a família num processo contra o
arcebispado, também se manifestou numa nota pública, afirmando que
"custa entender que um sacerdote persista no discurso de discriminação
e ódio, em vez de propagar as mensagens de amor e respeito que anuncia
o Evangelho".
A associação disse ainda que, nos próximos dias, diversos
voluntários procurarão o padre de Huelma para entregar-lhe um documento
chamado "guia breve de consciências limpas".
O guia, segundo o coletivo, pretende explicar "que a fé
cristã e a homossexualidade são compatíveis" e que os gays compreendem
que "o avanço das mentalidades é lento. Na Igreja Católica mais lento
ainda do que no resto da sociedade, mas há confiança em que este avanço
aconteça."
Fonte: BBC Brasil
Padre impede batizado ao descobrir que padrinho é gay
Reviewed by Francisco Júnior
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11:34
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