Ao ligar o aparelho de TV para
assistir o telejornal de qualquer uma das grandes empresas de TV aberta (Globo,
Record, SBT, Bandeirantes, RedeTV, TV Gazeta) o que o brasileiro ou brasileira
espera? Antes de começar um dia de trabalho ou no retorno ao final do dia, ao
clicar o controle remoto para ver os jornais, qual é a expectativa do
espectador? Escapar do cotidiano ou se aprofundar nos grandes temas? Obter
ampla informação ou relaxar um pouco com as notícias?
Não convém generalizar o que não
passa de uma impressão, mas na média da população que acessa a TV para ver um
jornal, parece pequena a fatia da audiência que queira forçar a inteligência
com discussões complexas. É mais fácil, mais cômodo e mais leve assistir aos
telejornais como quem busca uma diversão ali mesmo no sofá de casa.
“Maria vai com as outras”
Os blocos de notícias são
previsíveis: mercado financeiro, política, violência, esportes, shows, previsão
do tempo. Quem transita de um canal a outro nos intervalos das notícias,
percebe que o padrão é praticamente o mesmo. Além do mais, praticamente todos
os canais de TVs abertas do Brasil reproduzem sem questionar as matérias
produzidas por algumas poucas agências internacionais (CNN, BBC, Reuters,
etc.). Repercutem, portanto, uma pauta definida por poucos em poucas redações.
Nem mesmo as empresas de TV que
mantêm seus repórteres espalhados pelas principais cidades do planeta cuidam de
dissecar as matérias que replicam. E como essas grandes empresas atuam em
outras áreas da comunicação, tipo sites e emissoras de rádio, reproduzem em
escala vertical os poucos conteúdos apresentados no jornal da TV aberta. A
agenda de noticiosos varia muito pouco, o que é significa um grande limite para
as informações num mundo tão diversificado.
Aqui outro aspecto pode ser
considerado: o consumismo da informação inviabiliza um aprofundamento dos
poucos temas pautados. Assim, nem diversidade nem aprofundamento. Notícias
rarefeitas vendem mais.
Entretanto, apesar dos
oligopólios concedidos pelo Estado brasileiro para a atuação das empresas de TV
aberta, não parece que o ouvinte, o espectador seja um ser passivo diante dessa
situação de escassez de temas jornalísticos. Essa relação não é unipolar – ou
não seria uma relação não é mesmo? – Mas isto é assunto para outra conversa.
“Nos menores frascos”
Quando o Governo Federal criou a
Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) em 2007 ocorreu uma grita geral das
corporações privadas de comunicação no país. Entre outras acusações rugiam
alguns dogmas de um velho liberalismo. – Uma ameaça à livre imprensa. Gastança
do dinheiro público. Um braço midiático do PT. Imitação do Chavismo
venezuelano. Era o mínimo que se dizia. Depois passaram a caçoar dos índices de
audiência.
Mas, para quem quer uma
alternativa à mesmice e à superficialidade dos telejornais, vai uma dica: à
distância de um click, acesse os telejornais das TVs públicas. Por exemplo, o
Repórter Brasil da TV Brasil ou o Jornal da Cultura na TV Cultura.
Para quem procura na TV aberta um
jornalismo com variedade de notícias e com aprofundamento, há uma boa opção nos
programas jornalísticos dos canais públicos pagos com o dinheiro do
contribuinte: TV Cultura, TV Brasil (EBC) e algumas de menor abrangência no
território nacional. Estas emissoras não têm plasticidade e não veem a vida
como um show. Mas fazem um bom jornalismo.
Em tempo: para não
alimentar o fetiche de que a TV aberta privada é gratuita, lembre-se que é paga
com a publicidade governamental, e com os anúncios das empresas privadas pagos
pelos consumidores.
Zizo Mamede
Zizo Mamede: Jornalismo ou Entretenimento?
Reviewed by Francisco Júnior
on
12:47
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