OPINIÃO: ÀS AMARGURAS NA SALA DE AULA, DIGA NÃO!

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O professorado detém a maior audiência cotidiana em um país imenso e populoso como o Brasil – quem afirma isto categoricamente é o eminente educador latino-americano Bernardo Toro. Mais do que a televisão, do que o rádio e a própria internet juntos, é na sala de aula de todos os dias que está o maior número de pessoas ao alcance de quem pretende formar opinião. Dezenas de milhões de brasileiras e brasileiras, das mais diferentes idades e lugares, atentos ou não, estão à disposição dos profissionais da Educação.

Das professoras e professores se espera a indispensável contribuição para a formação de espíritos críticos. – Conversa bonita essa, que não convence a quem recebe salários injustos. Das professoras e professores se requer a formação de pessoas prontas para o mundo do trabalho. – Discurso batido demais, desgastado demais para um profissional que não tem sinceramente de que se orgulhar enquanto profissional no mundo do trabalho. Das mestras e mestres se exige que preparem a juventude para o exercício da cidadania – como se o estar na escola ainda não fosse exercitar a cidadania.

Mas, convenhamos, dificuldades não explicam tudo não é mesmo?

Tem gente que está na sala de aula por força das contingências da vida. Por não conseguir um diploma de médico, engenheiro, advogado, ou um lugar no mundo turbilhonante das novas tecnologias com todas as suas fortunas, promessas e estrelatos. – Então tome frustração, porque como professor ninguém vai enriquecer mesmo.

Entre esses frustrados, os piores batem no peito e se dizem formadores da consciência crítica. Mas não passam das críticas rasas aos governos, aos políticos e aos próprios “a-lunos” – é assim que vêem o “público” na sala de aula, como seres sem luz a quem suas iluminadas críticas devem iluminar.

O que mais fazem com seus alunos, no que mais obrigam aos seus alunos, é impor uma pauta desgastada, renitente e inconseqüente. Porque na crítica pela crítica, tiram a profecia do anuncio de um mundo melhor. Porque na critica amargurada, matam a esperança de quem vai para a escola porque tem esperança de mudar pelo menos a própria vida e seu mundo particular. Porque na crítica niilista roubam a possibilidade do indivíduo, no grupo, acreditar em si mesmo e no outro como germens e protagonistas da mudança que tanto reclamam.

Esses críticos sem causa e sem conteúdo são os verdadeiros “dementadores” – ver série Harry Potter – tentando sugar a alegria, a esperança e a felicidade dos jovens que pensam ter nas mãos. Mas não conseguem o seu intento mórbido, ainda bem, porque muitos jovens reagem com indiferença, com rebeldia, com desdém, face às falas que tentam lhes roubar a jovialidade.

De tanto reclamarem da vida, de tudo e de todos, esses pseudo-educadores caem no descrédito, no gueto, afundando no próprio azedume.

Quem quer fazer fortuna, não vai ser professor. Quem quer ficar famoso, não vai professor. Quem é só amargura, não pode professor. Quem quer ser crítico, que seja com profetismo.  Quem quer ser professor, que vá além da profissão e que se descubra se é esta a sua vocação. Tudo sem abrir mão da competência naquilo que estudam, naquilo que aprendem e que ensinam com seus colegas de sala de aula. Sem recuar da luta por uma profissão digna, respeitada e bem remunerada. A juventude é que não pode pagar por um débito que não fez.

Fora com os “dementadores”!

Zizo Mamede
OPINIÃO: ÀS AMARGURAS NA SALA DE AULA, DIGA NÃO! OPINIÃO: ÀS AMARGURAS NA SALA DE AULA, DIGA NÃO! Reviewed by Francisco Júnior on 19:12 Rating: 5

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